Cinder [As Crônicas Lunares #1], de Marissa Meyer
Autor: Marissa Meyer
Editora: Rocco
Páginas: 448
Série: Crônicas Lunares
Sinopse:
Enquanto a suas irmãs foram dados lindos vestidos e sandálias finas, Cinderella tinha apenas um avental sujo e sapatos de madeira.
Contos de fadas revisitados
Cinder tem dezesseis anos e é considerada uma abominação tecnológica pela maior parte da sociedade e um fardo por sua madrasta. Por outro lado, ser ciborgue tem suas vantagens: a interface de seu cérebro lhe deu a capacidade sobre-humana de consertar tudo — robôs, aerodeslizadores, os próprios membros cibernéticos quebrados—, tornando-a a melhor mecânica de Nova Pequim. Sua reputação faz com que o herdeiro do império, o príncipe Kai em pessoa, apareça em seu estande na feira, solicitando o conserto de um androide antes do baile anual.
Embora esteja ansiosa para agradar o príncipe, Cinder é impedida de trabalhar no androide quando Peony, sua meia-irmã e única amiga, é infectada por uma peste fatal que tem assolado a Terra por anos. Culpando-a pelo destino da filha, a madrasta de Cinder a entrega como voluntária para as pesquisas da doença, uma “honra” a qual ninguém sobreviveu até então.
Logo, porém, os pesquisadores descobrem algo de incomum na cobaia recém-adquirida. Algo pelo qual há quem esteja disposto a matar.
O que eu achei do livro:
Cinder, como já está no próprio título, é quase uma releitura da própria Cinderela dos contos dos Irmãos Green, mas o livro por si só vem com um diferencial: a mistura dos contos de fadas com tecnologia. A autora cria um mundo futurista altamente tecnológico e distópico que soa como um futuro não tão distante do nosso e, de certo modo, inevitável. Narrado em terceira pessoa com uma dinâmica muito envolvente, somos levados a Cinder, uma andróide que vive com sua madrasta e suas irmãs, começando o com o diferencial da protagonista ser procurada pelo príncipe para consertar um andróide defeituoso dele. E daí pra frente Cinder se distancia dos contos de fadas e mostra a qualidade da escrita de Marissa Meyer.
A tecnologia deu um charme especial, sendo uma das partes mais impressionantes do livro, cercadas pela criatividade da autora, que se associa a racionalidade, criando objetos que realmente poderiam fazer parte do nosso contexto daqui a alguns anos, como se pudêssemos esperar por cada uma dessas tecnologias daqui a dez, vinte ou cinquenta anos, aproximando o contexto tecnológico da nossa realidade. Já a situação histórica deixa essa fantasia com um ar muito mais verídico, apresentando uma cronologia como a situação mundial, com um mundo que sofreu guerras mundiais e um planeta guerreando contra lunares, uma doença que se alastra pela terra e andróides que sofrem com o preconceito alheio. Todos fatos que distanciam a autora da fantasia e torna a obra mais próxima da fantasia.
Cinder é uma protagonista que apresenta características singulares. Ela ainda age submissa a madrasta como sua xará, mas por questões legais, é rebelde e trabalha para a manutenção da família e se mostra bastante perseverante em várias cenas. Outro personagem de quem eu não esperava muita participação, mas teve mais cenas do que se pode esperar de um par romântico, foi o Príncipe Kai. Sua interferência deu um ar interessante nas cenas em que Cinder entediava o leitor, criando um equilíbrio e demonstrando a importância e a notoriedade que o personagem tinha na obra. Algumas coisas durante o livro parecem – e são bastante óbvias, mas Marissa Meyer tem muitas cartas na manga e mesmo algumas coisas sendo mais do que explícitas, outras são tão surpreendentes que arrancam muitas exclamações do leitor. Não desista da leitura por algo que você ache premeditado. O conto de fadas pode ser antigo, mas Cinder é uma caixinha de surpresas.
Contudo, nenhum livro é perfeito, Cinder também tem seus lados negativos. Posso afirmar com propriedade que esse livro é brilhante, com um encaixe perfeito no curso dos acontecimentos, mas na questão do protagonismo, apresenta características que deixam a desejar, principalmente quando Cinder apresenta um comportamento que não era esperado da personagem, não por não ser do feitio dela, mas sim de ser mais uma jogada sobre o amor verdadeiro que nos foi enfiada goela abaixo. Mas no final sua personagem apresenta uma redenção que deu um final digno a obra de Marissa Meyer e deixou perguntas que nos fazem ansiar pela continuação. Estou pronta e ansiosa para iniciar Scarlet.
Pontuação: 5/5
Marissa Meyer é uma romancista americana. Seu romance de estréia, Cinder, foi lançado em 3 de janeiro de 2012. É o primeiro de sua série The Lunar Chronicles.
Emily Damascena
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Categoria: Adolescente, Aventura, Distopia, Fantasia, Ficção Adolescente, Ficção Científica, Ficção Histórica, Literatura Fantástica, Romance